Biscoito da Sorte
Aceita um biscoito da sorte? É só clicar e descobrir a surpresa que tem dentro dele pra você!
X
O sol, agora, é meu amigo
No rol das coisas que eu consigo
Bemol: um tom baixa na lira.
Eu via que esse dia ia chegar
E cria que eu ia gostar
Bom dia! Minha querida Lyra.
No rol das coisas que eu consigo
Bemol: um tom baixa na lira.
Eu via que esse dia ia chegar
E cria que eu ia gostar
Bom dia! Minha querida Lyra.
(Trecho da letra da música "Bom dia, Lyra!")
Clicando aqui, você ouve a músicaX
E, como se não bastasse, o pilantra ainda começou a pescoçar a rua e dizer:
– Aquela, ali, de óculos escuro, eu já peguei. Aquela que sorriu pra mim também. A de verde, eu peguei, também, mas, faz tempo, umas três semanas…
– Para! Para! Para! Para! – disse eu, incorporando o João Kleber – Para o baile, meu amigo! Diz aí, rejeitador de carne de vaca e apreciador de carne humana do sexo feminino, como você faz pra conquistar tantas vulvas? Seja solidário e conta pra mim.
– Mas você é mais velho que eu – esnobou o Hare Hare, com fisionomia ironicamente ingênua – tem mais experiência.
Deixa pra lá, amanhã, eu tiro essa porcaria de xerox. É degradante demais pra quem ainda insiste em ser levado a sério, pelo menos, um pouquinho...
– Quer saber de uma coisa, seu indiano maldito? A Caxemira deve ser dominada pelo Paquistão, seu trouxa!Clicando aqui, você lê o texto completo
– Aquela, ali, de óculos escuro, eu já peguei. Aquela que sorriu pra mim também. A de verde, eu peguei, também, mas, faz tempo, umas três semanas…
– Para! Para! Para! Para! – disse eu, incorporando o João Kleber – Para o baile, meu amigo! Diz aí, rejeitador de carne de vaca e apreciador de carne humana do sexo feminino, como você faz pra conquistar tantas vulvas? Seja solidário e conta pra mim.
– Mas você é mais velho que eu – esnobou o Hare Hare, com fisionomia ironicamente ingênua – tem mais experiência.
Deixa pra lá, amanhã, eu tiro essa porcaria de xerox. É degradante demais pra quem ainda insiste em ser levado a sério, pelo menos, um pouquinho...
– Quer saber de uma coisa, seu indiano maldito? A Caxemira deve ser dominada pelo Paquistão, seu trouxa!Clicando aqui, você lê o texto completo
X
As aulas terminaram no mês de novembro. No dia vinte e nove, foi a última prova do quarto bimestre e, no dia trinta, a festa de despedida de mais um ano letivo com direito a amigo secreto. Nada que eu não tivesse vivenciado nos anos anteriores.
Em menos de um mês, viria a noite de comemoração na casa do meu avô materno e, no dia seguinte, o almoço na casa do meu avô paterno. A primeira, ao lado dos tios e primos próximos e, a segunda, junto aos parentes que só via uma vez por ano.
A expectativa para o décimo quarto natal de minha vida não era mais a mesma. Seis anos antes, este período era bem mais saboroso. Afinal, eu não era mais ingênuo e, há tempos, sabia que Papai Noel não existia.
Contudo, no dia vinte quatro do mês derradeiro, participei de mais um ritual pós-solstício de verão em família. Antecipadamente, lá pelas dez horas da noite – porque as crianças não aguentavam mais de sono – vi um dos meus tios disfarçado de velhinho com roupas vermelhas chegar balançando o sininho e gritando, pausadamente, a quarta vogal de nosso alfabeto.
Em menos de um mês, viria a noite de comemoração na casa do meu avô materno e, no dia seguinte, o almoço na casa do meu avô paterno. A primeira, ao lado dos tios e primos próximos e, a segunda, junto aos parentes que só via uma vez por ano.
A expectativa para o décimo quarto natal de minha vida não era mais a mesma. Seis anos antes, este período era bem mais saboroso. Afinal, eu não era mais ingênuo e, há tempos, sabia que Papai Noel não existia.
Contudo, no dia vinte quatro do mês derradeiro, participei de mais um ritual pós-solstício de verão em família. Antecipadamente, lá pelas dez horas da noite – porque as crianças não aguentavam mais de sono – vi um dos meus tios disfarçado de velhinho com roupas vermelhas chegar balançando o sininho e gritando, pausadamente, a quarta vogal de nosso alfabeto.
(Trecho da crônica para rádio "O último natal de uma década")
Clicando aqui, você ouve a crônicaX
Não havendo nenhum outro carro na estrada, o caminho parecia estar aberto. Se num passado próximo ainda era hora de plantar as sementinhas da esperança, chegara o tempo da colheita. Todos os sonhos de menino concretizavam-se como num passe de mágica. Pra bater aquela adrenalina prazerosa de uma sensação única que nunca mais seria repetida, durante as décadas em que ele permaneceria neste mundo, faltava apenas aumentar o volume do rádio e olhar pro sol, enquanto dirigia, rumo à Herzlia.
Notaram-no, afinal. Que o rapaz era um exímio roteirista, os amigos já bradaram à exaustão, fazendo-o decorar. Porém, como ele costumava falar - quase num tom de autoconsolo - "ninguém é bom até que digam que é bom". E só diz quem é ouvido. E só é ouvido quem tem credibilidade. E esse dia chegou: um respeitável diretor do círculo cinematográfico dissera que ele é bom.
Notaram-no, afinal. Que o rapaz era um exímio roteirista, os amigos já bradaram à exaustão, fazendo-o decorar. Porém, como ele costumava falar - quase num tom de autoconsolo - "ninguém é bom até que digam que é bom". E só diz quem é ouvido. E só é ouvido quem tem credibilidade. E esse dia chegou: um respeitável diretor do círculo cinematográfico dissera que ele é bom.
(Trecho do conto "O velho do asfalto")
Clicando aqui, você lê o texto completoX
No domingo seguinte, fui à igreja com a minha avó, que era uma católica fervorosa.
Vi uma velhinha ajoelhando-se na frente da imagem de uma santa e fazendo uma promessa.
Aí, pensei: "Será que esse negócio dá certo mesmo?".
Olhei pra cara da santa e decidi fazer a minha promessa também, mas não fui com a cara dela. Também não gostei da imagem do santo do lado... Tinha uma cara de bocó...
Achei melhor procurar um santo que tivesse mais a ver comigo. Como eu usava óculos, fui atrás de um santo de óculos. Não encontrei nenhum e voltei pra casa cabisbaixo.
Vi uma velhinha ajoelhando-se na frente da imagem de uma santa e fazendo uma promessa.
Aí, pensei: "Será que esse negócio dá certo mesmo?".
Olhei pra cara da santa e decidi fazer a minha promessa também, mas não fui com a cara dela. Também não gostei da imagem do santo do lado... Tinha uma cara de bocó...
Achei melhor procurar um santo que tivesse mais a ver comigo. Como eu usava óculos, fui atrás de um santo de óculos. Não encontrei nenhum e voltei pra casa cabisbaixo.
(Trecho da crônica para rádio "O diabo vai chegar numa Brasília verde")
Clicando aqui, você ouve a crônicaX
Precisei tirar fotocópia da minha carteira de motorista, outro dia, pra recorrer de uma multa de trânsito. Fui à papelaria, perto de casa, e enfrentei uma pequena fila básica. Na minha frente, um sujeito com cerca de cinco anos a menos que eu puxou conversa comigo.
Era um indiano que mal falava o português direito. Não costumo dar atenção a pessoas com papo furado, todavia, vi que o estrangeiro tinha conteúdo. Como acho curiosa a história das religiões orientais e a cultura diferente do sistema de castas, comecei perguntando sobre o hinduísmo. Ele respondia solicitamente com longos discursos e um sorriso irradiante no rosto.
Logo, descobri que ele tinha a mesma formação acadêmica que eu. Cursou economia em Londres. O tópico foi de teologia à política monetária, porém, sem demora, pairou sobre um tema universal, como sempre.Clicando aqui, você assiste ao vídeo com animação gráfica
Era um indiano que mal falava o português direito. Não costumo dar atenção a pessoas com papo furado, todavia, vi que o estrangeiro tinha conteúdo. Como acho curiosa a história das religiões orientais e a cultura diferente do sistema de castas, comecei perguntando sobre o hinduísmo. Ele respondia solicitamente com longos discursos e um sorriso irradiante no rosto.
Logo, descobri que ele tinha a mesma formação acadêmica que eu. Cursou economia em Londres. O tópico foi de teologia à política monetária, porém, sem demora, pairou sobre um tema universal, como sempre.Clicando aqui, você assiste ao vídeo com animação gráfica